Ao contrário do que insiste em afirmar a Samarco, já desmentida por análises preliminares, a lama despejada no Rio Doce contém a presença de partículas de metais pesados como arsênio, chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e até mercúrio. É o que revela análises laboratoriais de amostras da água do rio encomendadas pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu, no Espírito Santo.
Para Luciano Magalhães, diretor do SAAE, este é o fim do Rio Doce. “A situação pode ser resumida em duas palavras: rio morto. Na última terça-feira (10), recolhemos amostras de três pontos do Rio Doce em Minas Gerais. O primeiro no Centro de Governador Valadares, uma água muita densa de rejeitos, a outra a 10km abaixo de Valadares e em Galileia. Somente a do Centro estava inviável de captação, impossível de tratar”, afirmou.
E completou: “Não serve mais para nada, nem para irrigação e nem para os animais, muito menos para consumo humano. O cenário é o pior possível. O Rio Doce acabou. Parece que jogaram a tabela periódica inteira. Nossa medida agora é buscar alternativas para captação de água. Já estamos fazendo um canal de desvio do Rio Guandu até a estação elevatória do SAAE”.
O prefeito de Baixo Guandu (ES), Neto Barros (PCdoB), confirmou a informação.
“Para se ter uma ideia, a quantidade de arsênio encontrada na amostra foi de 2,6394 miligramas, sendo que o aceitável é de no máximo 0,01 miligrama”, citou.
Ainda segundo o prefeito, são 100 quilômetros de material tóxico descendo pelo rio. “Quero ver o que o presidente da Vale vai fazer para ajudar todo o povo”, disparou.
A Samarco ignora as análises e insiste em negar a presença de metais pesados: “A empresa reforça que o rejeito é classificado como material inerte e não perigoso, conforme norma brasileira de código NBR 10004-04, o que significa que não apresenta riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Proveniente do processo de beneficiamento do minério de ferro, o rejeito é composto basicamente de água, partículas de óxidos de ferro e sílica (quartzo)”, diz a nota.
Fontes (leia mais):
ES Hoje
Estadão
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Sobre o autor
Fundador e Diretor Executivo do Observatório da Mineração. Doutorando em Ciência Ambiental na Universidade de São Paulo (PROCAM-USP). Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (CDS-UnB). Professor e palestrante de jornalismo. Repórter com centenas de matérias publicadas na mídia brasileira e internacional (Reuters, UOL Notícias, Mongabay, Repórter Brasil, Pulitzer Center, OCCRP, Folha de S. Paulo, Deutsche Welle, El País, Intercept e outros). Eleito um dos três jornalistas mais relevantes do Brasil no setor de Mineração, Metalurgia e Siderurgia pelo Prêmio Especialistas de 2022 e 2021. Vencedor do Prêmio de Excelência Jornalística da Sociedade Interamericana de Imprensa (2019).
Maurício Angelo is an award-winning international investigative journalist and the founder of Mining Observatory, a Brazilian based investigative journalism Centre established in 2015. PhD Student in Environmental Science at University of São Paulo (USP). Hold a Master’s Degree in Sustainable Development at the University of Brasília. He was the winner of the Excellence in Journalism Award (2019) by Inter American Press Association. Considered one of the Top 3 journalist experts in Extractive Sector in Brazil in 2022 and 2021.
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