Amanda Navarro, para o Esquerda Diário
Dois anos depois do maior crime ambiental que destruiu a cidade de Mariana, em Minas Gerais e o Rio Doce, que teve como responsável uma das maiores empresas de mineração do Brasil, a Samarco, as populações que dependem de abastecimento de água do rio afetado continuam colhendo as consequências deste acontecimento. Muitas populações dependiam do rio não apenas para o consumo doméstico de água, mas também para a obtenção de renda através da pesca.
Em Bom Despacho, cidade na região Centro-Oeste de Minas Gerais, Mauro Salviano da Silva, 76, relata que a falta de água começou em abril de 2016. No início, a falta de água ocorria de dois à quatro dias, mas a situação piorou, e mês passado chegaram a 10 dias. O relato de Mauro é um dos muitos que pode-se observar em Minas Gerais após a brutal tragédia capitalista de obra da Samarco: segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 33,7% do total de casos de disputas por recursos hídricos no país ocorreram em Minas Gerais, sendo o Estado o mais afetado.
As populações afetadas pela tragédia lutam entre si, para manter o direito legítimo de obterem água limpa e segura. Segundo a CPT, Minas Gerais é o estado com maior disputa hídrica há algum tempo, entretanto o quadro mineiro se acirrou após a tragédia de Mariana, tendo um aumento de 123% desde o ocorrido. Dos 172 conflitos registrados no Estado, em média 30% foi motivado pelo rompimento da barragem da Samarco.
O rio Doce, que vai de Minas Gerais até o Espírito Santo, foi afetado em toda a sua extensão, e o aumento dos conflitos nas populações dependentes dele aumentou em 240% depois que a lama destruiu o rio. Os conflitos de Minas Gerais ocorrem majoritariamente devido às minerações (93%), e o restante por conta das hidrelétricas.