A reportagem é do UOL. Informa o repórter Carlos Eduardo Cherem:
Quando se rompeu, em novembro de 2015, a barragem de Fundão, operada pela Samarco no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), tinha 56,6 milhões de m³ de lama de rejeito de minério de ferro. O material é a sobra do processo de mineração: uma parte extraída do solo é aproveitada pelas empresas, e outra, sem utilidade comercial, vira uma espécie de lama.
Desse total, 39,2 milhões de m³ se arrastaram de Minas Gerais até o mar, desembocando na foz do rio Doce, no Espírito Santo, e atingindo 29 municípios dos dois estados.
Caso houvesse sido feita uma operação de retirada, seria necessário 1,8 milhão de viagens de caminhão para o transporte dessa lama. A caçamba de um caminhão carrega 22 m³, em média.
O volume equivale a 15.680 piscinas olímpicas, com 50 metros de comprimento por 25 metros de largura e profundidade de 2 metros –ou seja, um volume de 2.500 m³.
A Fundação Renova, porém, projeta retirar somente 2 milhões de m³ desse material. Isso representa cerca de 5% do que vazou. Um volume do tamanho de 800 piscinas olímpicas.
O restante, cerca de 37 milhões de metros cúbicos de rejeito (ou 14.800 piscinas olímpicas), permanecerá depositado ao longo das áreas afetadas pela lama, sobretudo o leito do rio Doce e seus afluentes.
No reservatório de água da hidrelétrica Risoleta Neves, em Santa Cruz do Escalvado (MG), distante 113 km da barragem da Samarco, em Mariana, ficaram acumulados 10,5 milhões de m³ de lama, impedindo o funcionamento da usina desde então. É somente neste local que deverá ser feita a retirada do rejeito.
A Renova comprou uma fazenda próxima à hidrelétrica. A lama é dragada do reservatório e, por meio de tubulação, envia o rejeito até o local. Ali, é empilhada de forma definitiva, formando uma espécie de morro de rejeitos.
Segundo a gerente de rejeitos da Renova, Juliana Bedoya, o depósito deve receber somente 2 milhões de m³ de lama: 5% dos 39,2 milhões de m³ que vazaram.
Conhecida também como Candonga, a hidréletrica Risoleta Neves pertence à Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), concessionária de energia controlada pelo governo mineiro.
A Justiça havia determinado que o rejeito fosse retirado até dezembro de 2016, mas o prazo não foi cumprido pela Renova.
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) multou as mineradoras em R$ 1 milhão e deu novo prazo para a retirada até o fim do mês passado, que também não foi cumprido. A Renova pediu aos órgãos ambientais uma prorrogação até novembro de 2019, mas ainda não houve decisão sobre o assunto.
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