O homem mais rico do mundo, Elon Musk, acaba de concretizar a compra da plataforma Twitter por US$ 44 bilhões.
A investida sobre a rede social, usada por ele durante a pandemia para espalhar mentiras e negacionismo sobre vacinas e a Covid-19, não é o único movimento recente do dono da fabricante de carros elétricos Tesla.
As baterias dos carros da Tesla precisam de muitos minerais como o níquel. A Vale, que explora níquel dentro de terra indígena no Canadá e lucra com níquel no projeto de Onça Puma, no Pará, que contaminou os rios do povo indígena Xikrin, surgiu como sócia recente de Musk.
A Bloomberg revelou no início deste mês que a Vale e Musk fecharam um “acordo secreto” para o fornecimento de níquel. Musk já tinha convocado as mineradoras do mundo a aumentar significativamente a produção de níquel, prometendo um contrato generoso.
O timing para ambos significa faturamento alto: a Rússia produz 17% do níquel refinado Classe 1 do mundo. Com a invasão da Ucrânia, os preços dispararam mais de 30% na bolsa de Londres, com o níquel atingindo o maior patamar em 11 anos.
O contrato de longo prazo com a Vale é um passo direto para garantir o suprimento dos veículos da Tesla e a expansão prevista de 50% na produção. Detalhes adicionais não foram dados nem pela Vale nem por Musk.
A mineradora brasileira produzirá 190 toneladas de níquel em 2022. Cerca de 5% vai para o mercado de veículos elétricos, mas a meta é chegar a 40% no médio prazo.
A estimativa do mercado é que a demanda por níquel cresça 19 vezes até 2040, mas analistas apontam para um cenário de escassez a partir de 2026.
Musk depende da mineração para os seus negócios e entrou firme no ramo, incluindo o níquel, o cobalto e o lítio. A Bolívia, onde Musk defendeu publicamente um golpe dos Estados Unidos “sempre que quiserem”, é uma grande produtora de lítio.
Nas garantias bancárias necessárias que o empresário precisou apresentar para selar a compra do Twitter entraram bancos gigantes como o americano Morgan Stanley, que é grande acionista da Vale após ter adquirido parte significativa da fatia que era do BNDES.
O governo de Jair Bolsonaro também corteja Elon Musk. No fim de 2021 o Ministério das Comunicações convidou Musk a abrir uma fábrica de chips semicondutores no Brasil, ao mesmo tempo em que Bolsonaro acaba com a Ceitec, única fábrica de semicondutores da América Latina.
Recentemente, Musk, que tem uma fortuna estimada já em R$ 1 trilhão (US$ 219 bi), lançou um serviço de internet via satélite no Brasil, a Starlink. O custo supera R$ 11 mil por ano. A fortuna de Musk disparou exatamente durante a pandemia que ele ajudou a desacreditar: em 2020, Musk tinha US$ 24,6 bilhões. Quase metade do valor que agora ofereceu pelo Twitter. Em 2021 a fortuna saltou para US$ 151 bilhões até chegar ao patamar atual, de US$ 219 bi.