Eleito, Lula faz promessas para a mineração, o clima e a Amazônia e terá trabalho árduo para cumprir

Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito pela terceira vez presidente do Brasil com 60 milhões de votos, derrotando Jair Bolsonaro, os bilhões gastos indevidamente na máquina pública para tentar comprar votos, uma enorme rede de mentiras e uma longa série de arroubos golpistas.

Em seu discurso na noite de ontem, Lula não esqueceu de reafirmar compromissos feitos durante a campanha, como a retomada do protagonismo do Brasil no combate à crise climática, o respeito aos acordos internacionais, o combate ao garimpo ilegal, o desmatamento zero na Amazônia, a garantia dos direitos indígenas e o desenvolvimento sustentável das comunidades. As mesmas promessas foram formalizadas em carta divulgada pelo PT.

Leia o trecho do discurso em que Lula aborda essas questões:

Estamos prontos para nos engajar outra vez no combate à fome e à desigualdade no mundo e nos esforços para a promoção da paz entre os povos.

O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta amazônica. Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global. Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia. O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra. Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.

Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela. Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia e combater toda e qualquer atividade ilegal —seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.

Ao mesmo tempo, vamos promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente. Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania.

Temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade. Queremos a pacificação ambiental. Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça.

Como resultado da eleição de Lula, a Noruega já anunciou que retomará o financiamento do Fundo Amazônia, que garante dinheiro para uma série de projetos importantes e foi congelado por pura balbúrdia institucional e desinteresse do governo de Jair Bolsonaro.

A expectativa é que Lula também cumpra a promessa de criar um Ministério para os Povos Indígenas, como prometeu ainda em abril no Acampamento Terra Livre.

A ver como Lula lidará com o lobby mineral, as diferentes bancadas e interesses no Congresso e como negociará questões como a tramitação do PL 191/2020, que libera mineração e agronegócio em terras indígenas, queridinho de Arthur Lira.

Assim como de que maneira as discussões sobre o Novo Código de Mineração serão retomadas e quais as pessoas indicadas para cargos chave no Ibama, no Ministério de Minas e Energia e na Agência Nacional de Mineração.

Como detalhamos aqui, baseados em dados, fatos e estudos científicos, a derrota de Jair Bolsonaro era fundamental para que o Brasil e o mundo tivessem uma chance de enfrentar a crise climática. E agora terão. Os desafios, porém, são inúmeros.

Veja o vídeo com a análise:

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